06 agosto, 2009

Ainda há alguém a construir?








Que eu não fui há um momento,
sabes já? E tu dizes não saber.
Então sinto que se não andar a correr,
posso nunca ter passado totalmente.

Sim, mais do que sonho de um sonho sou.
Só o que a limites consolidados aspirou,
é como um dia e como um som que esvoaça;
pelas tuas mãos inominado passa,
para a múltipla liberdade encontrar,
e elas com tristeza o vêm a abandonar.

E o escuro apenas para ti ficou,
e, crescendo para a luz vazia,
uma história do mundo se erguia
de uma pedra que cada vez mais cegou.
Ainda há alguém a construir?
As massas de novo às massas dão voltas,
as pedras estão como soltas

E nenhuma foi por ti talhada...

Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, p. 161



* Agradeço do fundo do coração o livro de onde colhi este poema, à minha amiga Maria Teresa Dias Furtado, tradutora e especialista de Rainer Maria Rilke.





after the end .2
© final toto



4 comentários:

tchi disse...

Entre bibliões e biliões de seres quem habitam o universo ainda há quem construa. Sim. Ainda há.

Beijinhos.

pin gente disse...

há muitas mãos a construir... o que outras destroiem.
gostei muito da imagem.
um abraço
luísa

Anónimo disse...

Soube-me muit bem descobrir este espaço tão bonito e de refinado bom gosto. Virei assiduamente. Um beijo amigo.

Elizabeth F. de Oliveira disse...

Adorei o poema e o novo layout do blog. Já fazia tanto tempo que por aqui não andava...
Muito bom estar de volta!
beijo no coração