21 abril, 2012

O chão dos poetas


Imagem - Bosque de Berkana




Cântico es existencia
Rilke


O chão dos poetas não é sono lunar
mas vigília aberta ao espaço

o chão dos poetas é culto que se estende
da terra à palavra num rasto de mãos
pulsando o início

o chão dos poetas canta a terra e os homens
por lavrar canta o fogo e a espessura da noite
infinita, canta a aurora o despertar

o chão dos poetas é corpo que desarma e restitui
o sono lúcido aos lábios a língua que se abre ao Sol

o chão dos poetas é seiva que transforma e religa
espírito e matéria cântico e mundo


Gisela Ramos Rosa
21-04-2012



7 comentários:

Lídia Borges disse...

De um chão assim cultivado se rasga a voz, a pele, a vida...


L.B.

Gisela Ramos Rosa disse...

Querida Lídia, o seu comentário é experiência deste chão!! Um beijinho para si*

Breve Leonardo disse...

[aspiro, como qualquer um de nós aspira, a urgência do dia em que possa encontrar recolho, sem manto se necessário for, nos cantos desse chão: é dessa estrela guia que qualquer um de nós recolhe, por certo, o desejo de a encontrar por sua a luz derramada poema no chão,

como a Gisela a sabe como semear, bem como a esse imenso verbo palavra...]

Com um imenso abraço!


Leonardo B.

marlene edir severino disse...

E é essa rebuscada alquimia
incansável
de todo dia...

Belo!

Abraço daqui!

Marlene

João Menéres disse...

Desculpa o atraso do comentário, GISELA !

Do teu poema, destaco :

> o chão dos poetas é corpo que desarma e restitui
o sono lúcido aos lábios a língua que se abre ao Sol <


Um beijo com muita admiração.

Branca disse...

O chão dos poetas é aquele que sempre encontro aqui nas suas palavras Gisela e nas sua imagens.

Beijos
Branca

Avtoprokat disse...

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