13 janeiro, 2009

Nas margens do rio, do tempo

fotografia de gisela rosa, 2008


“Nas margens dos rios imaginando pontes”
Daniel Faria



Nas margens reinventamos
qualquer espaço sem nunca
nos deixarmos deter por ele

somos caracteres em trânsito
na página que principia
e acrescenta símbolos à matéria

nesse oásis branco a paisagem
da montanha do cume da corola
e das coisas como chamas

nas mãos o fluxo das fibras
encadeadas em lentas contracções
filamentos que tecem fonemas
com ditongos breves

cordas que seguramos na escalada
amparados por bambus ao vento
silêncios que contemplamos
no timbre do tempo

gisela rosa

15 comentários:

Bandida disse...

venho pela mão da "ortografia do olhar" deslumbrar-me com as tuas palavras.

Graça Pires disse...

Com ditongos breves se controem as margens das palavras e dos silêncios que fazem do poema a ponte que nos liga à emoção.
Um beijo Gisela.

Gisela Rosa disse...

Bandida, que bom receber o teu eco! Obrigada! Também passei pelo teu espaço. Um abraço


Graça, é bom contar consigo, nestes gestos, nesta "geometria dos afectos"!

Liliana Gonçalves disse...

A fotografia e o poema fundem-se em harmonia, como se fossem uma união.

Gostei particularmente deste verso

"silêncios que contemplamos
no timbre do tempo"

beijo

Gisela Rosa disse...

Liliana, de facto esta imagem diz o poema e o poema a imagem. Associei hoje os dois, por intuição e acaso!

Um beijo

disse...

Já tinha comentado esta fotografia. É uma das que mais gosto da sua galeria. Aqui, é enriquecida pela poesia... e música. A frase de Daniel Faria complementa.
Bj

Gisela Rosa disse...

Obrigada Te, hoje acordei com o olhar deste rio, deste tempo, destas palavras. Sei que também gosta destes tons! Um beijinho

José Manuel Vilhena disse...

Tentei dexar-lhe ontem uma mensagem em que lhe falava como gosto da luz do seu blog e das imagens que parecem abrir janelas.
Não me entendo com este novo sistema

Gisela Rosa disse...

Caro José Vilhena as suas palavras potenciam esta luz.



Obrigada!

Anónimo disse...

Emotivamente silencioso. Brindo-te. Parabéns.

Gisela Rosa disse...

Muito obrigada Miguel! Volta sempre.
Gisela

Pedro S. Martins disse...

Parece que a onda tinha hora marcada com a fotografia. Belo.

Anónimo disse...

Gisela,

boa poesia. Lindo blog!
Obrigado pela visita e comentario nas Litorâneas.

Volte sempre!

Victor Oliveira Mateus disse...

Nas margens inventamos espaços, pontes... mas não nos deixamos deter por eles, por isso estamos sempre a caminho... longínquo e imperceptível é o lugar que ansiamos.
Grande abraço.

Anónimo disse...

Simplesmente demais, cada palavra em sintonia com um legada entre te a arte.