13 agosto, 2009

O tapete da vida

sunset light
© initial

Sou eu, não temas. Nao me ouves quebrar
em ti todos os meus sentidos?
O meu sentir que asas veio a encontrar,
voa, branco, à volta da tua face sem ruídos.
Não vês a minha alma de silêncio vestida
mesmo frente a ti aparecida?
Não amadurece minha oração em flor
no teu olhar como numa árvore de suave odor?

Eu sou o teu sonho, se sonhador fores.
Sou a tua vontade, se velar quiseres
e apodero-me da magnificência sem par
e arredondo-me como um silêncio estelar
sobre a estranha cidade do tempo a passar.


Rainer Maria Rilke, O livro de Horas, p. 65


* O título foi também retirado do prefácio de Maria Teresa Dias Furtado ao livro de Rilke.

5 comentários:

Lídia Borges disse...

Excelente escolha!

Uma leitura deliciosa.

L.B.

Jefferson Bessa disse...

Que lindo presente. Obrigado pelo texto.

Um abraço

Anónimo disse...

rilke tem o condão de surpreender ainda que à milésima leitura... um beijo, gisela. saudades da matriz*

El Viejo @gustín disse...

Hermoso Poema,Hermosa Imagen.

1 beso Amiga.

Unknown disse...

Lídia, obrigada pela recepção!

Jeferson, que bom ter cá vindo.

alice, rilke é um escritor de minúcias e parece ter encontrado esse lugar interior que se aproxima do divino...obrigada e um beijinho


Viejo, gracias por tu comentário, Un abrazo.