15 fevereiro, 2009

Uma caligrafia que me olha

Gisela Rosa, tinta da china em papel, Fev 2009


“Desço à escritura como os veados aos salmos”
Daniel Faria


Tenho um girassol e uma mulher
nas escarpas da casa
e um relógio que separa os braços
das árvores que me avistam
em movimentos cadenciados
num centro de silêncios contados
num abraço que assinala o Sol
que através dos rostos transparece

quantas imagens de uma caligrafia
que me olha como se tudo o que vejo
me vê e me percorre como se eu fosse
uma superfície translúcida

estou entre tudo e nada
atravesso a sombra das cinzas
e cultivo os meus passos
perto dos arbustos e das árvores
que se propagam com o canto das aves

entro inteira na sombra dançarina
neste ritmo cadenciado que me oferece
a leve sensação de uma dança
na fonte de um corpo
que se escreve e se inventa

Gisela Rosa

7 comentários:

Anónimo disse...

Passei por cá.
Gostei.

Anónimo disse...

José Vilhena agradeço muito o seu comentário. Volte sempre que entender. Será sempre bem-vindo, com um abraço, Gisela

Graça Pires disse...

Quando a caligrafia nos olha sabemos que o coração não tem margens... Um belíssimo poema, Gisela. Um grande beijo.

Victor Oliveira Mateus disse...

Que grande poema, Gisela!

"estou entre tudo e nada
atravesso a sombra das cinzas"

Também gostei muito do desenho, claro!!!
Abrç

Carla Ribeiro disse...

Sempre maravilhosa a sua poesia.

Anónimo disse...

um poema que me olha "como se eu fosse uma superfície translúcida". gostei muito. um beijo.

Anónimo disse...

Graça, sim, o poema vai além margens e navega...um beijinho e obrigada pelo comentário

Victor, acolhes-me com as palavras, obrigada e contente por gostares dos meus traços!

Silent...Carla! os seus comentários são sempre receptivos! Gosto de a ver por cá!

alice, estou feliz que o meu poema a tenha olhado e provocado o seu retorno. Volte sempre!


Um beijinho a todos!