Fotografia de Maria José Amorim,
emhttp://olhares.aeiou.pt/quando_nao_posso_contemplar_o_teu_rosto___maria_jose_amorim_foto1478274.html
Há uma mulher na minha solidão sem lábios
que não sei se é azul ou verde
que se apaga talvez no horizonte
há uma mulher talvez na palavra solidão
que nunca se distingue da palavra
porque é a palavra mesma que não se diz
porque é a solidão que não é ela
há uma mulher nos confins da minha ausência
como uma sombra da minha ausência
como a ausência da mesma sombra
Há uma mulher nos lábios da minha solidão
que nunca chega a ser pronunciada
ou é o ar de uma sede que não respiro
ou o nada mesmo de toda a solidão
há uma mulher de musgo nas minhas pálpebras
e outra que se esconde nos olhos e é a mesma
há uma mulher de música
no meu sorriso
há uma mulher de tristeza como o tempo
na água das minhas mãos
Há tantas mulheres no meu corpo
e tantas quantas todas são uma só
ou nenhuma
ou nenhuma
e é a mesma que caminha contra o vento
em qualquer rua
António Ramos Rosa
in Diário de Notícias 2003
(este poema foi passado a computador por Gisela Rosa)
10 comentários:
No desejo do homem há uma mulher
para olvidar a solidão
para preencher a ausência
No desejo do homem há uma mulher
que se esconde no sorriso
que lhe foge das mãos
que lhe deseja o corpo
No desejo do homem há uma mulher
que se quer
que se encontra quando se decide caminhar contra o vento
No desejo do homem há uma mulher
mas só o POETA homem a consegue assim descrever
Sem dúvida João, o poeta des-cobre des-creve, vê a alma de quem o olha! Muito obrigada pelas suas palavras em verso.
ele é um dos meus poetas. tive o privilégio de lhe dar um abraço na Bulhosa de Entrecampos. ainda agora guardo esse olhar de poeta todo. ainda agora guardo esse abraço como se nunca em toda a vida tivesse um abraço assim.
As suas palavras são inteiras, eu sei. Muito obrigada por ter passado neste espaço Bandida!
Adorei
Bom domingo
Beijinhos
Carla
Carla obrigada pelas palavras! Adorei as suas pinturas. Vou lá voltar.
"há uma mulher talvez na palavra solidão" Há tantas mulheres... Mais um belo poema do grande poeta.
Beijos, Gisela.
Graça, ..."e é a mesma que caminha contra o vento/ em qualquer rua"
Um beijinho e obrigada, Gisela
Belo poema e excelente escolha da fotografia. Gostei!!! Bsemana!
Obrigada pela sua apreciação Te! Bom resto de semana também, Gisela
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