A flor da magnólia, fotografia de Gisela Rosa
A palavra poética nunca pode ser falsa porque é total
Roland Barthes, O grau zero da escrita, p. 43
Se o poema nasce
de um lugar onde brota uma corrente
uma lamparina de música ou de água
eclode na margem no litoral da página
e a distância é um remo em movimento
que desenha a incansável linha
do teu rosto
como se escrevesses evidências lentas
de uma ferida espessa que não sangra
por nela teres vertido as palavras brancas
de um léxico sereno
e se na distância construímos a presença
deste afluente com a cor do âmbar
sabemos que o poema é um arco azul
por onde leves e dóceis olhamos
a harmoniosa dança das corolas
Gisela Rosa
12 comentários:
“de um lugar onde brota uma corrente
uma lamparina de música ou de água”
É desta ondulação que se desprende a claridade de que lhe falo.
Também podiam ser dunas, mas isso é porque eu devo ter uma costela de beduíno e gosto de desertos.
Gosto imenso deste poema.
amo barthes e este poema acrescenta-me algo à vida
Caro José Vilhena, obrigada pelos seus comentários. O branco da flor da magnólia é uma ilha no seio da árvore, tal como no deserto onde às vezes também despontam flores. Um abraço
Luísa que sensação boa saber o que me diz! Obrigada pela visita, um beijinho
No litoral da página, um poema com palavras brancas e cor do âmbar, como se o poema fosse um arco azul a desenhar as mãos...
Belíssimo poema Gisela. Excelente
a fotografia.
Um beijo.
Magnífico, Gisela! A sua escrita é um elixir para os sentidos.
Aproxima-se o tempo das magnólias e o nosso olhar fotográfico vibra. Essa ficou demais... gostei do tom usado e do poema a acompanhar. Bfdsemana!
Graça, a sua leitura dá-me a mão.
um beijo.
Carla és um eco de sentido nos meus sentidos, volta sempre
Te, esta flor foi registada no ano passado e é de uma árvore que habita junto a mim. Voltarei a fotografá-la, de novo, obrigada e bons clicks!
Obrigada a todos!
Que lindo, Gisela!
Se o poema nasce, somos poeta. E tu és uma de primeira grandeza.
beijo no coração
Amei a foto!
Obrigada Elizabeth por seu alento! Um grande abraço!
Se a palabra brota o poema nace...
Unha aperta Gisela.
:)
Marinha de Allegue,
o teu rosto é transparente
abraço apertado para ti também,
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