04 setembro, 2010

pousa os olhos devagar sobre o silêncio


Dragan Jovancevic
Self



...e depois do instante perguntar-me-ás em que lugar nos situamos na sequência dos ponteiros e da roda a girar.... e sei que a resposta estará nas gotas do rio, no coração e nos sismos....mas também nos grãos de areia que o sol amanhece levedando a terra...e dir-te-ei: pousa os olhos devagar sobre o silêncio quando o pensamento for o do chão a nascer.

...haverá um eixo de estrelas e de astros orientando os ponteiros para as constelações, haverá uma ligação profunda do universo....saberemos então que somos sombras de uma luz maior que incessante revela....matéria, espírito e Amor, um grito no seio da esfera renovando as agulhas em movimentos leves......num desenho breve do que somos: espaço e tempo unidos pelo Amor, dimensões da travessia em que os ponteiros desfasados são sinais do movimento onde tudo acontece....eu e tu como um lugar dentro deles e então as nossas mãos encadeadas e exactas poderão conceber a palavra no interior do tempo ...


Gisela Ramos Rosa, 5-09-2010

18 comentários:

Sheilla Liz disse...

Gostei muito de passar aqui!Seu blog é muito bonito. Abs

Anónimo disse...

João Miguel Alves disse no facebook:

"Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!"
......
Martha Medeiros

Lembra-me a noite, e o quanto falava comigo próprio...

Miguel Horta disse...

Fico com inveja doce quando leio hoje estas tuas palavras: é que as minhas palavras, as tais que fazem vibrar por dentro, andam muito secas...
bejos

Gabriela Rocha Martins disse...

terminadas as férias ,e o tempo de "jibóiar" ,retomo a leitura diária dos blogues do meu contentamento .nem sempre comento ( como sabes ) mas todos os dias retenho algo novo ....

...e ,mais uma vez ,sem engano ,perco.me na leitura dos textos deixados para trás




.
um beijo

Anónimo disse...

Quando escolho momentos como este para me situar e leio coisas assim, o relógio dá até uma pausa. Lindo!

Beijo.

manuela baptista disse...

às vezes

quando o coração acelera
é como um sismo

grau infinito na escala
das constelações

aquelas
com que enfeitamos a palavra Amor
no interior do tempo

...gostei deste pousar de olhos, Gisela!

um abraço

manuela

João Menéres disse...

Um arrepio me percorreu > quando o pensamento for o do chão a nascer >!

Maravilhoso, como sempre, A MATRIZ DOS SONHOS.

A admiração ( para não confessar o ESPANTO) deste teu
amigo.

Graça Pires disse...

"pousa os olhos sobre o silêncio quando o pensamento for o chão a nascer"... Lindíssimo, Gisela.
Um grande beijo.

AFRICA EM POESIA disse...

com um besito



LÁGRIMA




Lágrima marota
Cai no meu rosto
E vai rolando...
De mansinho...
Por toda a cara...
Vai saboreando...
E vai deixando
Um pouco de água
Um pouco de sal...


Sal de amargura...
Mas que é necessário...
E, assim vou ficando
Com o rosto mais doce...
Com o rosto molhado
E vou sentindo...
Lágrima marota.
O teu rolar...
E vou gostando...
Que te sirvas de mim
Para te acostares...
E quando quiseres
Podes voltar!...


LILI LARANJO

Mar Arável disse...

entretanto o inevitável ritmo

concertado simétrico

dos ponteiros

descompassados

mariabesuga disse...

" a palavra amor no interior do tempo"

sempre!!!

no interior de nós próprios ainda que teimemos ou precisemos fugir-lhe... da palavra amor... do sentido dela... fogo queimando os sentidos.

a palavra amor!
maior!!!...

abraço Gisela
muito bonito este texto...

Anónimo disse...

Encantadora toma, tiene una nitidez y colorido de verdadero lujo. Un abrazo

Penélope disse...

que tenha sempre um Xadrez de estrelas, num jogo perfeito de palavras para se dizer as doçuras do coração.

Vittoria disse...

Os silêncios são o intervalo daquilo que sentimos, daquilo que fazemos, do tempo que não existe existindo.

.... disse...

..la energia que me mueve, siempre me invita a visitarte, y siempre considero que es un enorme placer visitarte. Te felicito de nuevo por tu sensibilidad refinada.

Maria Paula Alvim disse...

Linda, linda prosa. Texto perfeito. Parabéns.

Eleonora Marino Duarte disse...

gisela,



quando um texto se escreve na coloração do silêncio, há sempre uma réstia de prata.

bonito, como amar.

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Que linda esta imagem com o relógio! Beijos pintados e alados.