
Sabes, há nas mãos dos poetas, da fotógrafa Anna Serrat, uma pausa melancólica para escrita que me faz chegar até ti....fixei-me no modo como uma das mãos segura a pena desenhando minuciosamente cada sinal da escrita e o poder revelador da tinta depositada no tinteiro que a outra mão segura com ajuste e nitidez ...com os nós e os dedos dobrados na folha em branco.... sim, é a partir da folha em branco que te quero enviar a imagem dos extremos que o horizonte humano abraça...
Ainda agora li uma passagem de Ortega Y Gasset referindo que a realidade jamais nos é dada a ver como um todo, mas como uma unidade marcada pela ausência, pela não-presença....e é neste jogo de parcialidades que a vida humana vai tomando uma forma sempre incompleta que se completa em cada movimento da acção presente...onde o futuro pode ser recriado......viver é pois potenciar a origem desenhada na alma....aquela a que os poetas chamam “desejo” e os filósofos “razão vital” ….chamo-lhe coração o lugar-fonte da criação, nostalgia e confiança ligadas por um fluxo de rio, uma aparente brancura, um vazio que se preenche sempre que o passado cede a sua liberdade ao presente.....na condição última de que nada nos é dado definitivamente (Bachelard)... é nesse estado puro, da folha em branco, que os poetas repousam a sua sede e o sol com os dedos dobrados no papel onde a tinta revela e inunda ... repara como a vida é um texto (Geertz) em permanente construção e tu a folha escrita e reescrita pelos ciclos e pelas estações sucedendo-se.....olha atentamente a folha em branco nela encontrarás o meu nome e o teu....
Gisela Ramos Rosa, 19-09-2010
Gisela Ramos Rosa, 19-09-2010
Anna muito obrigada pela tua imagem das mãos e pela mensagem nela contida....un grande abrazo!
15 comentários:
"A vida é um texto em construção" Detive-me nesta imagem... E sim, é possível ler numa página em branco.
Um beijo
L.B.
Uma perspectiva com fundo matizado, de mil e uma possibilidades, com a folha branca em primeiro plano. E, há medida que a escrita vai surgindo, a folha vai-se diluindo no fundo matizado...
(o grau de diluição a ter a ver com a abrangência da mensagem)
beijo :)
só como a Gisela sabe sentir. lindo :)
bjo
...cuando alguien es sensible por naturaleza, sabe captar la presencia de esa "no presencia".....
Muchísimas gracias Gisela.
Te mando un abrazo lleno de gratitud y admiración.
esta foto acompanhada pelas tuas inteligentes e sensiveis palavras, e reais palavras, sao magnificas!
beijos e saudades
é por estas e por ti que regresso sempre à Matriz!!
meu beijo, nosso!
chame-lhe o que quiser
porque é verdade
há nas mãos dos poetas
cada nó
que a tinta é apenas o pormenor que entorna o que se espalha sem se ver!
um abraço
manuela
No branco tudo acontece
até a poesia
Bj
A folha em branco: o espaço de liberdade do poeta.
Um belo texto, Gisela, com uma fotografia excelente.
Um grande beijo.
Preciosa y con una composición perfecta… Un abrazo
Nada é oposto. Tudo é ausênsia.
Fez-me lembrar Einstein.
Abraços, Gisela e bom fim de semana.
é nos opostos ( matéria//não.matéria ) que nos temos em excelência
( encontramo.nos ao virar a página ,certo? )
.
um beijo
"uma espécie de abundância vinda do Coração"
O teu Coração tem pássaros lindos, Gisela.
Pousam nas flores da roseira e dão-te o Segredo dos teus poemas
Obrigada pelo poema e pela música e pela pintura= Excelso estado de alma
maravilhosa composição de mãos!
beijos, querida.
Gisela,
As mãos pousam no papel como um pássaro no ninho, pronto para acontecer a vida...
Um lindo post cheio de informações valiosas!
Gostei de passar aqui, vi outros poemas,lindos e de excelente qualidade!
Parabéns pelo talento!
Um abraço, Marluce
Enviar um comentário