10 julho, 2010

das plantas que se repetem com o labor das mãos


green effort
© Toomaj Zangooei


...se me perguntares porque repito quase sempre o ofício das mãos quando me expresso... não poderei dar-te a resposta imediata que se calhar desejas....mas poderei trazer as mãos ao cimo da água com o labor profundo das ilhas e o sabor saliente das barcas que atravessam rios colhendo o fruto das sementes antigas que a água transformou.... há, também, todo um contexto onde os pés e as mãos se podem cruzar ou amparar, com saberes diferentes....haverá como imaginas uma repetição cíclica nas plantações, na busca mais antiga do alimento....por isso escolhi esta imagem , com um esforço verde segundo o autor, onde poderás encontrar a planta verde repetida e separada por espaços vitais semelhantes....sim, os necessários à sua sobrevivência....e se olhares a mesma plantação de longe, poderás ver outras imagens, com a perspectiva secreta dos olhos.......a mulher que colhe o fruto com as mãos.....o amor que se repete com um afago, em qualquer lugar, para equilibrar as dificuldades....e ainda se quiseres o reflexo da mãe inclinada sobre o ventre alcançando o equilíbrio da água onde se dá a procriação.....creio que tudo se gera a partir da mãe e da terra...do desejo e das mãos....

Gisela Ramos Rosa, 10-07-2010

25 comentários:

Lídia Borges disse...

"[...]creio que tudo se gera a partir da mãe e da terra...do desejo e das mãos..."

Concordo!
Belíssimo texto donde a poesia escorre indelével por entre os dedos

mariavento disse...

Excelente o teu espaço. Adorei.

Gisela Rosa disse...

mariavento, muito obrigada por ter chegado a este espaço. fico feliz por ter gostado. Um abraço volte sempre que quiser.



Lídia, é sempre tão bom colhermos a planta que se forma no olhar de quem nos visita....muito obrigada de coração, um beijinho

Primeira Pessoa disse...

... o desejo e as mãos....
texto bonito, gisela.

bela junção-palavra-magem-som.

(misticismo) de eriçar a pele.

beijão,
r.

Gisela Rosa disse...

Muito grata Primeira Pessoa,

por suas palavras, sua leitura, sua expressão.....


não me canso de dizer que o retorno é que con-figura o que fazemos

Obrigada, um abraço

Anónimo disse...

Os vários ângulos da imagem criam desenhos diversos, e a perspectiva sensível do seu texto no faz levitar por todo o campo.

Beijos.

myra disse...

estas tuas palavras me emocionaram!!!! mais ainda que a imagem! minha formidavel e querida Gisela, como tem talento!!!!!
beijos

Andrea de Godoy Neto disse...

Gisela, vir aqui é sempre uma viagem para os sentidos. Lugar mágico esse
e texto perfeito, com palavras que se reviram dentro da gente, perfeitamente casadas com a imagem tão bela

beijos, querida e talentosa Gisela!

Eleonora Marino Duarte disse...

"tudo se gera da mãe terra e do desejo das mãos",

a constatação é tão bonita quanto a imagem apurada por seus sentimentos e trazida ao canto da matriz do teu sonho.

belíssimo, gisela, belíssimo!

um beijo, querida.

Anónimo disse...

Isabel Mendes Ferreira disse no facebook:



sempre que vou A Matriz venho de lá________________saciada. pk tudo é alimento. obrigada G.

byTONHO disse...



Grande manufatura!

Mãe... dá-me tua mão!

be:)os

Anónimo disse...

Susana Duarte disse no facebook:

"o blog mais lindo que conheço. E que nem sempre consigo comentar como merece!"

Tania regina Contreiras disse...

Gisela, essa pergunta inicial que sugeres que possamos fazer, não a faço...Acho que teus textos-imagens-sons são arquetípicos, e por alguma via o compreendemos de logo, imediatamente. Na imagem de hoje, como outras tantas, a geografia se faz diferente, reconheço que não é uma paisagem geográfica minha, mas é uma imagem arquetípica nossa, essa imagem existe dentro de cada um de nós, fala-nos sem palavras ( e tuas palavras nos falam com imagens, veja só...) de algum modo. Creio que por isso há o impacto, inevitavelmente, que é fruto do assentimento do Ser: "Sim, eu reconheço e me reconheço aqui", eis o que nos diz toda a sua criação. Parabéns sempre!
Abraços,
Tânia

Sentado no Fim de uma Âncora disse...

Todas as palavras dentro de cada palavra

Uma semente não será por si só a seara
Repito o gesto da semente na terra-mãe
Para a semente tenha a seara dentro
A seara é ela também semente

Repito cada gesto onde descubro um “espaço” para a alma
A alma é ela também “semente” onde coloco cada gesto

Costea Andrea Mihai disse...

hello! impressive portofolio!! congratulations!

Unknown disse...

Lara esta imagem que seleccionei é mesmo sugestiva não é? Há tanto por colher nela...um beijo


Querida Myra quando as tuas palavras chegam a meus olhos lembro-me sempre que tu és uma grande senhora da criação plástica e fico quieta pensando nisso...

Betina, já te disse antes, mãe e terra são muito próximas e é sempre com elas que podemos sentir o acolhimento....com a origem e o desejo transformado em nossas mãos...


Andrea, é tão bom viajar através dos outros, eu faço o mesmo com a sua escrita....um beijinho



Isabel a alma precisa de alimento...obrigada pelas suas palavras, um beijo



Só Tonho Oliveira
poderia desenhar assim a mão e a mãe
um beijo Tonho



sim, Tânia, as imagens que trago são arquétipos sim de todos nós...eu sei que sabes isso e que sentes por dentro o que escrevo. um abraço enorme


Canto, fiquei tão espantada com o seu poema, com as suas palavras que um dia o publicarei em algum dos meus espaços. Fique com ele, registe-o pois é muito bom.
A semente tem o universo contido nela e a palavra também, aliás todos nós, daí que todas as fontes de que falamos sejam inesgotáveis. Obrigada pela sua presença...um abraço

Unknown disse...

Costea A M


Thanks for the words. You are welcome. Best Regards

Em@ disse...

Gostei muito.
Na realidade as mãos têm ligação com tudo.são elas que fazem o toque. e o tacto é o único sentido com o qual não sobrevivemos.
mãos-mãe
mãos-terra
mãos-afecto
mãos-desamor
mãos-guerra.
mãos-tecto.
mãos-casa.
mãos-saciedade.
mãos - mortalha.

deixo um beijo
Em@

José Manuel Vilhena disse...

Gosto das diversas idas e vindas através da imagem...
:)

Ivan Bueno disse...

Oi, Gisela.
Se me perguntares como vim aqui parar, não saberei te dizer. Talvez pelo cheiro do verde, o faro anunciando o encontro de um espaço bom. Aliás, muito bom. Gostei, continuo lendo e já sou seguidor.
Quanto à foto, bela escolha, quanto ao texto, igualmente belo. Penso que nos expressamos com as mãos, em qualquer forma de arte, por necessidade de expressão, como uma forma de catarse contínua e reciclável, mas felizmente interminável.
Te convido a conhecer e também seguir meu blog Empirismo Vernacular. Serás muito bem vinda.
Beijo grande,

Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com

AC disse...

Esta imagem deixa transparecer uma enorme dignidade, cultivada num ritual ancestral das coisas naturais, na harmonia dos gestos necessários.

Anónimo disse...

Preciosa, con un colorido de lujo y una nitidez extraordinaria. Un abrazo

Mar Arável disse...

As mãos nas tuas

Perdoa a ousadia

apeteceu-me

Penélope disse...

Pois são as mãos que constroem, que afagam, que edificam, que apontam caminhos...
São as mãos que modelam o barro, que semeiam flores pelas terras...
Sãos mãos que colhem amor, Gisela...
Sempre as mãos! São elas que tocam o coração.
Beijinhos

Unknown disse...

Em@


JMV


Ivan Bueno


José Alba


Mar Arável


Malu

obrigada pelas vossas palavras
as mãos são mesmo um poderoso recurso da acção... um grande abraço a todos