02 janeiro, 2010

qual é a chama de todas as fontes?



Desenho de António Ramos Rosa, Fevereiro de 2009 - caneta tombo em folha de papel A4



Qual é a chama de todas as fontes?
qual é o pássaro de todos os cantos
ou o pássaro que voa no vento?
diz-me minha filha se puderes responder
e senão, senão inventa a resposta
ou muda a pergunta

Chamo Sol a essa chama
reveladora da minha sede
vejo-a nos seus olhos incandescente
e sinto como um pássaro
a leve saciedade de um voo límpido

Se perguntasse à tua resposta
o que ela não disse
no que disse
perguntar-te-ía
qual é a sombra da tua sede
que há tanto em ti como em mim?
Será um olhar?
Ou uns lábios onde adormece
a mais fresca solidão
de um nome que se calou
no silêncio de uma verdade?


Poema de António Ramos Rosa (1ª e útima estrofes) e de Gisela Ramos Rosa (segunda estrofe)
do livro Vasos Comunicantes, Diálogo poético, p. 13 , 2006

9 comentários:

Mar Arável disse...

Ramos Rosa

sempre

João Menéres disse...

Estou maravilhado com a vossa inspiração de verdadeiros génios!
Fico sem palavras, tamanha a minha pequenez.

Mas, ADMIRO-VOS tanto quanto eu posso...

Um abraço para o teu Tio e um beijo para ti, GISELA.

Muito obrigado por me mostrares mais um pouco do muito que aí há!

Lídia Borges disse...

De uma ternura imensa!
Uma ternura que descubro maior, mais intensa, mais pura de cada vez que leio ou (re)leio um poema de António Ramos Rosa.

Obrigada!

L.B.

disse...

Querida Gisela,
já não passava por aqui à algum tempo. Adorei a mudança no seu blog, bem mais apelativo, forte, solto e belo...
Parabéns e Feliz 2010 :)

myra disse...

que maravilha de palavras !!! e o desenho , adorei!!!parabens aos dois!!! e tantos carinhosos beijos

Luísa disse...

Obrigada pelo convite!
Tal como tudo o que é agradável ao olhos ver nos engrandece, a alma também agradece por tão belos poemas ler!

Esta simbiose de bom gosto entre poesia e arabescos incógnitos, transforma tudo num verdadeiro sentido de sentimento acordado!
Parabéns a ambos!
Muito obrigada!

Eleonora Marino Duarte disse...

gisela,

o desenho,

o diálogo,

são presentes para mim, eu tenho certeza! se não forem eu os tomo, pois sou necessitada dos versos, dos ramos e das rosas que vocês criam, sou necessitada da beleza com a qual vocês trabalham as palavras e os sentimentos.

ficou belíssimo!

tanto quanto as delicadas linhas de antónio ao traçar a folha de A4.

um abraço, querida

e por favor, diga a teu tio que sou seguidora da poesia dele, uma das mais belas que já li, em todos os tempos!

Graça Pires disse...

Gisela, que diálogo maravilhoso, o seu com o grande Poeta Ramos Rosa.
"Chamo Sol a essa chama
reveladora da minha sede"
Muito belo!
Um beijos.

VFS disse...

talvez os véus sejam de luz,
talvez a distância não se prolongue.

mas na fusão das sombras germina a limpidez do sonho.


obrigado.