17 janeiro, 2010

a palavra, a fábula, o mundo

Escrevo para entrever o que seria o mundo
liberto de si mesmo E sem imaginar
pouso no limite entre a luz e a sombra
para me oferecer à nudez de um começo

Há palavras que esperam na sombra contra o muro
para serem a felicidade de uma folha aberta
sem mais sentido que o perpassar da brisa
mas que abrem o mundo e de doçura tremem

Não é preciso polir a madeira das palavras
ou talhá-las como se fossem seixos
Há um lugar para elas no branco e não numa alfombra de
ouro
e quanto mais frágeis mais frescura exalam
porque elas são a fábula do mundo quando a água o embala


António Ramos Rosa, As palavras, p. 148

9 comentários:

João Menéres disse...

Cada verso é uma promessa de paz, de felicidade, até porque > elas são a fábula do mundo quando a água o embala <.

Como queres que diga mais alguma coisa?

Um beijo.

(OBS. Mandei para o outro lado, mas ainda não tive reacção. Por mim, claro, que sabes que gostei mesmo muito.).

Anónimo disse...

Belo poema Gi.
e fazes bem em homenagear o teu tio porque ele deve ser uma pessoa muito especial para ti...

Beijinho

myra disse...

bellllllissssimo poema!!!!!como gosto de vir aqui!!!!
beijos imensos,

Ianê Mello disse...

Lindo poema, Gi!

Bela escolha.

Obrigada pela adesão ao novo blog.

Se quiser participar como colaboradora será um prazer para nós. Apareça por lá para conhecer melhor a proposta.

Beijos.

myra disse...

para te dar um grande beijo...tinha vindo para ver novidades..mais um beijo

Mar Arável disse...

Água como palavras

por entre os dedos

Anónimo disse...

Venho aqui para refrescar a alma... é como um jardim com um canto só para nós...
Um abraço.

Anónimo disse...

Me lembra um trecho de Drummond:

' Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra. '

Bela poesia.

Até.

Bjo, bjo, bjo...

Eleonora Marino Duarte disse...

gisela,


não seria preciso destacar nada, o poema é todo uma homenagem a nobreza da palavra, mas vou repetir o trecho:


"Não é preciso polir a madeira das palavras
ou talhá-las como se fossem seixos
Há um lugar para elas no branco e não numa alfombra de
ouro"


e agradecer-lhe por postar os poemas de antónio ao nosso alcance.


um beijo.