16 junho, 2009

hei-de dizer o nome


Vento, Desenho/poema de António Ramos Rosa, 2005


Com as árvores e com as águas
partilho os meus pensamentos.
Manuseio estas palavras
como se fossem minhas
para as usar como protesto,
como absolvição: boca
devorando a própria fome.
Aguardo um sinal que decifre
o nomadismo da memória
e rompa a cumplicidade do tempo.

Graça Pires, Uma extensa mancha de sonhos, p. 45 - 2008


* O título deste post é um verso de Graça Pires, p. 12 do mesmo livro

7 comentários:

PAS[Ç]SOS disse...

É o vento que rouba as palavras às árvores e as mergulha nas águas, onde flutuam à espera da voz dos poetas que as escrevem para saciar a fome daqueles que os lêem.

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Belo poema, e excelente desenho !
A Graça já nos habituou à excelência dos seus registos ...
abraço, Gisela!

________ JRMARTO

Gisela Rosa disse...

Passos,

adoro o vento porque me descentra
obrigada e abraço


vaandando, já li alguns poemas de pastoreio e gostei muito. qualquer dia posso furtar-lhe um para aqui?

obrigada pelas palavras, um abraço

Anónimo disse...

Bonito poema este... adoro poesias! dizem tanto o que nos vai na alma, né?

bejinho

Gisela Rosa disse...

ellen que bom teres chegado aqui, obrigada! Um grande beijinho

Graça Pires disse...

A cumplicidade das palavras no tempo...
Obrigada Gisela e um beijo.

mariab disse...

que belíssima conjugação! um deleite, este post.
beijos