02 maio, 2009
põe nos meus dedos os teus dedos
Ria de Heij, Holanda, wm Onexposure - 1x.com
Imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.
dizes: põe nos meus dedos os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
Vasco Gato, Um mover de mão, Assírio & Alvim, Lisboa, 2000
* o título deste post é um verso do poema de Vasco Gato.
Etiquetas:
Ria de Heij,
Vasco Gato
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6 comentários:
belissímo!
poema + imagem
= mil sensações :)
beijinho, Gisela
Boa escolha, Gisela!
Não só o poema, fluído e envolvente, mas também a foto, luminosa...
Vale sempre a pena passar por aqui...
Grande abraço
"apaguemos de nossas casas o barulho do tempo que ardeu sem luz"
Belíssimo! Quem assim escreve tem muitos versos por escrever...
Um beijo Gisela.
o poema é belíssimo, a imagem, uma alegria para o olhar.
beijos
"... os meus dedos nos teus dedos e sobra no mundo um dizer ainda puro."
Não é tão cheio de encanto?
Que bela escolha, Gisela!
Beijo e muito obrigado.
Marta um beijinho...
Victor um grande abraço;
Graça não sei dizer, a minha amizade e tudo;
mariab, com alegria e abertura;
mateo, o seu encanto apurado;
Um abraço terno a todos
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