05 maio, 2009

deixo que a lua se instale em minha pele,


Desenho de António Ramos Rosa, em Cartolina A3, 2005.


Surpreendida por um caminho sem tempo,
deixo que a lua se instale em minha pele,
lasciva e húmida. Habito uma ilha suspeita
de servir de abrigo a veleiros perdidos.
E digo: há um mar horizontal na solidão
de uma mulher, com as mãos cansadas
de sulcar distâncias em caminhos de espuma.

Graça Pires, Uma Certa Forma de Errância, p. 13



* O título é um verso do poema de Graça Pires

7 comentários:

El Viejo @gustín disse...

y la espuma se derrame completa, sobre esa playa de arenas blancas...

PAS[Ç]SOS disse...

Quem sabe se entre os veleiros ancorados junto da ilha não haverão os que tenham trilhado caminhos de espuma em busca das mãos cansadas de uma mulher, que deixou a lua instalar-se na sua pele? É do tempo sem caminho que surgem as mais inesperadas surpresas.

José Manuel Vilhena disse...

Belíssima escolha.


um beijinho

Victor Oliveira Mateus disse...

"habito uma ilha suspeita de servir de abrigo a veleiros perdidos"

nada a acrescentar...

abraço grande para ambas.

Graça Pires disse...

Há amizades assim. Como uma ilha que se adiou dentro do peito...
Obrigada Gisela e um grande beijo.

simplesmenteeu disse...

"caminhos de espuma" onde cruzamos os passos e as palavras.

Ilha onde repouso o meu olhar e embalo a certeza dos afectos.

Mágico diálogo silencioso...

Grata por este encontro.

Um abraço às duas

Anónimo disse...

querida gisela, por motivos de trabalho, tenho estado ausente da net, pelo que só na próxima semana poderei vistá-la com mais atenção. passei para cumprimentá-la e gostei muito de encontrar na sua matriz dos sonhos um poema da querida graça pires. um grande beijinho.