Pintura de Fátima Ramalho, 1988
O poema é uma teia
de que aranha de que areia
que se desfaz e se tece
e se inflecte como uma carícia
num rosto ambíguo de mulher e menina
e num sopro ascende a uma crista
e desce a um ninho de ervas
e cintila e se apaga
no vago olhar de uma página
no seu estuário absoluto
António Ramos Rosa, Vasos Comunicantes diálogo poético, p. 64, 2006
Ao ritmo da palavra
um raio de sol
acende uma teia branca
de linha em linha
deslizam as carícias
de um fogo que cintila na rede
sobre a dança de um corpo
que se configura e se desfaz
numa poeira cintilante
Gisela Ramos Rosa, Vasos Comunicantes, diálogo poético, p. 65, 2006
6 comentários:
Gosto desta luz que dança sem peso...
E da "trilogia".
Caríssimo José Vilhena, obrigada! As suas palavras levaram-me à sensação de ver "as sete cores do Arco" (Borges).
Era "o tranquilo aroma da luz" que eu queria dizer. Uma frase que ficou a boiar na minha memória,como as marés,e não sei de onde veio,como tantas outras coisas.
É esse aroma. Sabia que os blogs,alguns blogs,raros blogs,também têm cheiro?O seu vai tendo...
Gisela,
não me tinha apercebido aquando
da leitura do livro, mas de facto
o verso curto e sincopado dá-nos
a sensação (feliz) de um ritmado
tecer...
Abraço.
os fios de Ariadne, obrigada!
Victor, um abraço
que mais posso te dizer alem de que tudo que vejo aqui é lindissssssimo!
tantos beijos e um mais:)))
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