25 janeiro, 2009

Olhas através de um corpo leve

Fotografia de Rui Manuel Machado Rodrigues, em http://olhares.aeiou.pt/next_generation_foto2500633.html



Cada coisa que vemos é feliz

e nós somos o seu silêncio
ou o seu nome.

António Ramos Rosa, horizonte a ocidente, p. 40



Criança olhas-me com os teus rostos múltiplos
vejo-te na atmosfera de uma miragem
na tecitura de um devir outro

nos teus olhos encontro
a claridade e o fogo
e as sombras fecundas de ontem

ninguém vê o teu pulso frágil
a tua página ainda é branca

olhas através de um corpo leve
no interior do (in)visível

no teu rosto fervilha a nudez do coração
e a memória dos mundos incompletos


Criança em ti repousa a eternidade


Gisela Rosa

10 comentários:

José Manuel Vilhena disse...

Tenho um pequeno texto que a determinada altura diz "(...)é que à sombra da infância todos os corpos são brancos."
É claro que o contexto é outro, mas obrigado por me fazer repensar a frase.
um beijinho

Gisela Rosa disse...

Caro José Vilhena, a claridade e o branco da infância...depois alguém se encarrega de inscrever os "corpos"
sem que eles percebam...


Obrigada pelos seus comentários, pela sua Luz!

Graça Pires disse...

Um poema sensível, Gisela. De quem acredita que nos olhar das crianças de encontra "a claridade e o fogo e as sombras fecundas de ontem". Um beijo.

Anónimo disse...

Acompanha o meu blog, por favor.

L

Anónimo disse...

Obrigada, Graça, a sua leitura entreabre sempre uma porta!
Um beijo

Anónimo disse...

L


Obrigada por ter passado aqui.

mariab disse...

Um poema de extrema beleza e sensibilidade. Foi muito bom encontrar este espaço. Um abraço

Gisela Rosa disse...

mariab

agradeço muito a sua visita e palavras. O seu eco! Um abraço, volte sempre

Pedro S. Martins disse...

"ninguém vê o teu pulso frágil
a tua página ainda é branca"

toda a pureza das crianças aqui resumida.

Gostei bastante.

Anónimo disse...

Caro Pedro Martins, Obrigada pelo seu comentário.