Fotografia de Marta Tavares
...Um homem propõe-se a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naves, de ilhas, de peixes, de quartos, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem do seu rosto.
Jorge Luís Borges, Buenos Aires, 31 de Outubro de 1960
in o Fazedor, epílogo
10 comentários:
... o espelho do meu rosto reflecte-se nas rugas do tempo traçadas por linhas terminadas, a par de algumas infinitas, esboços do que ficou por concluir...
Obrigada Passos! Estas linhas de Borges são mesmo muito claras e a fotografia ajuda a revelá-las! O tempo, sempre o tempo revelador de tudo...
Esta ideia circular,muito comum em Borges,não deixa de ser apaziguadora. Liga bem com a imagem.
um beijinho
José
José, quase a imagem do barqueiro de Hermann Hesse, em Sidharta, que vê o reflexo do seu rosto e do mundo, no Rio. Obrigada pela sua visita e comentário. Um abraço, volte sempre!
Talvez pela falta de visão, Borges tinha esse poder de mostrar coisas aparentemente simples, que os olhos não conseguem ver. Sempre um texto muito bom de ler, GIsela.
Beijo pra você.
inteiramente consigo Adelaide A. Borges tacteava os interstícios de toda a superfície com a sua profunda simplicidade, uma outra forma de sentir o mundo que nos encanta sempre. Um grande abraço para si
Lembrei-me do filme "A vida por uma corda"...isto é, melhor fora que o homem tivesse primeiro tentado entender... como muitas das personagens de H. Hesse (tão influenciadas pelos budismo) só quem conhece bem (atinge a iluminação?) age correctamente... mas que às vezes é difícil, é!
Grande abraço.
Sem dúvida Victor, tens toda a razão. Obrigada por teres cá vindo, um abraço!
não conhecia este texto e fiquei surpreendida com a sua verdade. obrigada, gisela, por tê-lo partilhado. bom fim de semana. um beijo.
Obrigada alice pela visita e comentário, gosto muito de Borges pela sinestesia da sua escrita e pela sua verdade. Um abraço, Gisela
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