“je peins pour me déconditionner"
Henri Michaux
Passages, Gallimard 1963, p. 142
Desejava construir um poema
como se estivesse a flutuar na água que acolhe um barco
na margem que promete outra paragem
Desejava criar palavras brancas
onde todas as cores pudessem realçar formas figuras, as coisas
Desejava mostrar como sinto o real como o real me sente
quando olho uma criança uma flor um pássaro uma nuvem
ou escuto os sons de uma guitarra
enquanto a chuva incendeia as paredes do meu quarto
por isso calco com os meus dedos o tempo passageiro
nomeio sem querer conquistar o si das coisas
e o poema essa extensão do meu eu
é “um movimento no meio da multidão”*
Gisela Rosa
7 comentários:
Gostei do seu poema que,
em certos aspectos,
enumera o mote da própria poesia.
Bjs
e no querer fazer-se se fez*
muito bonito.
beijo*
Desejar construir um poema. Como se a página em branco se transformasse num remorso e não soubessemos como evitar a sede ou a solidão...
É um belo poema, o seu, Gisela.
Um grande beijo.
gisela:
obrigado pelo link.
romério
Somos feitos de sonhos.Visita, de vez em quando, o odisseus, e deixa o teu comentário.Beijos
Klee, Michaux e o nomear sem querer
conquistar o "si" das coisas, parecem-me três boas opções estéticas.
Um abraço, Gisela
Muito obrigada a todos por me darem o vosso eco. Um grande abraço a todos!
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